Saturday, November 25, 2006

Veja: Crítica ao álbum "Boneca Original"

Bianca, altamente tóxica

Produção + Polêmica = Madonna, Ops... Bianca.

O que seria da jovem cantora Bianca sem uma dedicada equipe de produção e uma estrondosa divulgação de gravadora? Provavelmente apenas uma garota com uma grande voz, e apesar de isso não soar como crítica, também não é um elogio, pelo menos no caso dela. Em "Mente Despida", seu primeiro álbum, a então garotinha de 17/18 anos já dava sinais do que estava prestes a tomar como personalidade, ou então como transformação, e hoje é visível uma possível comparação com a carreira de Madonna: baseada em polêmicas, letras e melodias sexuais. O que antes era enrustido: "quero aquela "batida", só você pode dar", agora já é explícito: "ele olhou para mim, fez minha calcinha cair". E isso é apenas uma amostra do que será possível ouvir em seu novo álbum, "Boneca Original". Das 18 faixas, apenas 10 se destacam, e com muito esforço. As excelentes "Mais Um Dia", primeira música de trabalho, "Sobre Sonhos" e a brilhante regravação de “Somewhere Over The Rainbow” (que, aliás, ficou melhor que a original) são as únicas onde podemos realmente ver o talento da cantora, que querendo ou não, é dona da mais potente voz brasileira da atualidade. Fora isso, quase todas as canções parecem terem sido estruturadas para gerarem controvérsia. Em "Preces Em Mim", ela se julga pecadora por conta de um grande amor, usando símbolos e nomes religiosos e dizendo que pode estar até "perdendo a fé alcançada" (qualquer comparação com "Like a Prayer", uma das mais famosas músicas de Madonna, não é mera coincidência). Há também “críticas” descaradas aos paparazzis e revistas de fofocas, como em “Caso Público” (nessa, até nomes são citados) e “Rápido”, no qual ela se diz cansada disso tudo e que enquanto o público tem a fofoca ela tem a diversão (não soa tão verdadeiro vindo de uma artista dependente da mídia). Mas a história fica séria, mesmo, em “Maria Joana”, canção que tem samplers de “Woman No Cry”, do lendário Bob Marley. Não precisa ser experiente para saber que Maria Joana é um dos nomes, traduzidos, dado à maconha, que vem de marijuana. Mas o que uma música, com samplers de Bob Marley, consumidor assumido da erva, faria com o nome de “Maria Joana”? BINGO. Polêmica mais uma vez. E não é de se admirar o uso dessa “técnica”, já que ela foi bem sucedida antes, rendendo quase 1 milhão de cópias vendidas com seu primeiro álbum. Quando você se pergunta como todo esse número foi possível, volta-se ao fator produção. Bianca tem, talvez, a mais impecável equipe de produção musical, o que faz com que todas suas músicas virem hits instantâneos. Neste CD, o exemplo clássico é “Bianlícia” (uma mistura de Bianca com delícia), que nada mais é do que uma sucessão de auto-elogios. Ela foi inspirada na canção “Supersonic” de J.J. Fad e é uma das melhores criações nacionais dos últimos anos, pelo menos no quesito produção. Mas talvez nem Bianca saiba disso, já que está mais inclinada a ouvir e copiar sua musa inspiradora, Madonna.
Fonte: Veja
By: Fred Camillo

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