Friday, December 22, 2006

Matéria Completa: Rolling Stone

Bianca
Dentro da mente, das confissões... E do quarto da jovem mais falada do país


Bianca Menina Malvada
Por Ademir Correa / Fotos Fred Barreto

"Quando estávamos em seu quarto, prontos para clicar a foto da capa, seu agente entrou e percebi que o clima ficou tenso. Ele disse que não queria que ela ficasse com a camisa totalmente aberta, pois chocaria demais. No mesmo instante, Bianca levantou-se, concordando com ele, já abotoando a camisa. Mas assim que ele saiu, fechando a porta, ela voltou a abrir os botões, fez uma pose ainda mais sexy e disse, com um sorriso maroto no rosto: Vamos logo com isso". E essa é apenas uma, das chocantes revelações desvendadas, nessa entrevista com a jovem diva pop, em um encontro feito em seu próprio quarto.


Desde o lançamento da Rolling Stone no Brasil, editores, repórteres e fotógrafos da equipe da revista, fizeram uma lista de artistas e músicos mais interessantes para a capa. Das 20 listas, 19 tinham um mesmo nome, sendo que em 11 ele aparecia em primeiro. E então, nada mais justo que esse nome fosse nossa capa agora. Bianca Azevedo Bastos, mais conhecida só por Bianca, é talvez a cantora jovem mais comentada e respeitada da opinião pública. Desde que surgiu com o hit "Tóxico", no final de 2004, ela tem sido o alvo favorito de 11 entre 10 revistas de fofocas. E repercussão não para por aí. Como se não bastasse toda a alta divulgação em cima de seu trabalho, ela ainda tem tempo para vender CDS, e muitos CDS. "Mente Despida", o primeiro da carreira, vendeu quase 900 mil cópias, sendo mais de 850 mil só o ano passado. A loirinha também alcançou o topo das rádios com as músicas: "Tóxico”, “Toda Vez", "Faça Algo", "Eu Contra A Música" e "Capacha", e foi bem tocada até em emissoras que torcem o nariz para esse estilo de cantora, como a Jovem Pam. 2005 foi também o ano em que ela trouxe para o palcos a mega turnê "Na Zona", que passou por quase todos os estados brasileiros e se encerrou esse ano, em palcos lusitanos, mais especificamente no festival Rock'In'Rio Lisboa. Com êxito em praticamente todos os formatos em mídia, ela teve que repassar um pouco do seu sucesso para a irmã caçula, Camila Bastos, que hoje é protagonista de sua própria série (Olívia 101) na maior emissora do país. Bianca é também a rainha da publicidade. Ao todo, somam-se mais de 10 campanhas publicitárias (de sandálias a pirulitos) em apenas dois anos. Não era de se esperar, portanto, que a divulgação de seu segundo álbum de inéditas, "Boneca Original", lançado mês passado, passasse despercebida. O álbum inclui uma variedade de sabores, das divertidas "Rápido" e "Bianlícia", inspirada no Supersonic de J.J. Fad, a baladas r'n'b pós-transa como "Uh Lala", "Entender" e "Eu Pertenço a Mim", e rocks e grooves de coloração raggae como "Maria Joana" (faixa mais contraditória e polêmica do disco). Ele também traz faixas inspiradas no jazz dos anos 20, 30 e 40, como as fantásticas "Perigoso" e "Nenhum Outro Cara", que mostram toda a potência vocal da garota. "Quis fazer algo totalmente diferente do meu primeiro trabalho. Presto homenagem não só ao jazz, mas também a artistas que respeito pra caramba, como Prince e J.J. Fad", diz, enquanto beberica um redbull (que, aliás, é sua bebida favorita). Quando não está nos palcos ou vendendo milhares de discos, Bianca costuma ser uma jovem comum. "Uma jovem comum com muita sorte", como costuma dizer. Malha todos os dias, pratica acrobacias em tecidos duas vezes por semana e ainda arranja tempo para namorar um igualmente ocupado vocalista de banda (Forfun), Danilo Cutrim: "Quando agente quer, sempre arranja tempo. Eu acho um absurdo essa coisa de incompatibilidade de agendas. Por que não diz logo que acabou o amor?! Nunca passei mais de três dias sem ver o Danilo, desde que começamos a namorar, e se tiver que passar mais, não será problema. Mas se um dia não estivermos mais juntos, não será por causa disso", anuncia quase revoltada.

Só depois de quase meia hora conversando, é que notei as peculiaridades de seu quarto. Totalmente decorado em tema infantil, e com mais de 500 bichinhos de pelúcia (pelo menos na última contagem), não é difícil de imaginar-se em uma fábula. Pergunto se todo esse "conto de fadas" já foi amaldiçoado por alguma "bruxa": "Eu sempre vivi em um lar extremamente contra ao uso de qualquer droga. Acho que isso acabou entrando em minha cabeça. Só fui ver um cigarro de maconha esses dias, em um show, e porque me mostraram, pra mim aquilo era cigarro comum. Nunca convivi com pessoas que usassem, portanto nunca me interessei, graças a Deus. Agora, tomar um porre eu já tomei, não vou negar. Tomei, me diverti e faria tudo de novo (risos). Beber todo dia é uma coisa, beber para comemorar ou curtir ao lado dos amigos é outra completamente diferente. Só bebo em ocasiões especiais, quando durmo na casa de amigas, ou sei que vou voltar de táxi", responde (quase) diplomática.
Apesar da constante atitude polêmica, Bianca demonstra ter um coração de ouro e, em julho desse ano, abriu seu projeto de apoio a crianças e jovens carentes( "Acampamento de Férias Espaço do Artista"). O trabalho consiste em um acampamento, onde cerca de 150 convidados recebem, por 15 dias, aulas de canto, teatro, dança, pintura e depois apresentam um espetáculo, assistido pela própria cantora "Eu sei que é apenas um grão de areia no meio do deserto, mas pelo menos estou fazendo a minha parte. Acredito naquela história do incêndio da floresta, onde o passarinho, com o bico, tenta apagar. É um grande ato, feito bem devarinho, mas com um grande objetivo".
E assim é Bianca. De polêmica a caridosa, tudo se passa em uma mesma vida, mesma pessoa, mesma cabeça. E a dualidade parece persegui-la em todas as direções, menos em uma. Entre o fracasso e o sucesso, sua carreira não poderia seguir outra linha. É um caso de sucesso ou sucesso.
Fotos:
(Bianca, completando 14 anos)
(Foto pessoal, Bianca e o namorado sortudo, Danilo)
(Campanha publicitária do pirulito "Buzzi")
(Rock'In'Rio Lisboa, 50 mil pessoas)
Fotos: Ego e Equipe BBR
By: Lucas Matita

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